Entendendo a importância da hidratação no trekking
Durante travessias longas em ambientes naturais, o planejamento de recursos é essencial para a segurança e desempenho do praticante. Hidratação na trilha e as escolhas certas entre garrafas, bolsas e filtros desempenham papel vital nesse cenário, interferindo diretamente na energia, no foco e na prevenção de riscos.
A falta de acesso à água potável é um dos principais desafios em trilhas de vários dias, exigindo do trilheiro conhecimento e estratégia para garantir hidratação adequada do início ao fim.
A seguir, serão analisados os principais meios de armazenamento, transporte e purificação de água, com recomendações práticas para diferentes tipos de percurso, clima e autonomia exigida.
Quantidade ideal de água por dia de trilha
Variáveis que influenciam o consumo
- Temperatura e umidade do ambiente
- Altitude e ganho de elevação
- Intensidade e duração do esforço físico
- Condição física e metabolismo individual
Em média, um adulto ativo deve consumir entre 2,5 a 4 litros de água por dia em uma trilha, podendo ultrapassar isso em ambientes quentes ou de alta montanha.
Planejamento da reposição
Antes da partida, deve-se mapear pontos de coleta de água no trajeto, considerando riachos, nascentes e pontos de apoio. A autonomia entre fontes determina a capacidade de transporte necessária.
Garrafas de água: clássicas e confiáveis
Modelos rígidos
Feitas em alumínio, inox ou plástico BPA-free, são duráveis e fáceis de limpar. Oferecem boa resistência mecânica e têm formatos padronizados para encaixe em mochilas.
Garrafas dobráveis
Leves e compactas, são ideais como reserva de água extra. Ao esvaziar, podem ser armazenadas ocupando mínimo espaço na mochila.
Vantagens e limitações
Garrafas são simples de usar, resistentes ao calor e fáceis de encher em riachos. Em contrapartida, seu acesso pode ser menos prático durante a caminhada, exigindo paradas ou uso de compartimentos externos.
Bolsas de hidratação: práticas e acessíveis
O que são e como funcionam
Reservatórios flexíveis com mangueira acoplada, armazenados no compartimento interno da mochila. Permitem beber água em movimento, com as mãos livres.
Capacidade e formatos
Comuns em versões de 1,5 a 3 litros, adaptam-se às mochilas de ataque e cargueiras. As mangueiras possuem bico com válvula, evitando desperdício e facilitando o uso.
Cuidados e manutenção
Necessitam de limpeza frequente para evitar proliferação de fungos. Requerem secagem completa e limpeza interna com escovas especiais.
Quando são ideais
Para trilhas longas e com pouco acesso a fontes de água, a bolsa de hidratação garante consumo constante e eficiente, reduzindo paradas e otimizando o desempenho.
Filtros e purificadores: acesso seguro à água
Por que filtrar água de fontes naturais
Mesmo aparentando estar limpa, a água de rios e riachos pode conter bactérias, vírus, protozoários e metais pesados. Beber sem tratar pode causar problemas sérios de saúde.
Tipos de filtros portáteis
Filtros por gravidade
Usam a força da gravidade para passar a água por um elemento filtrante. Ideais para grupos e acampamentos fixos.
Filtros por pressão manual
Como o Sawyer Squeeze e o Mini, exigem que o usuário esprema ou sugue a água. São leves e funcionais para uso individual.
Bombas manuais
Utilizadas para grandes volumes de água com rapidez. Mais pesadas, mas ideais para trekkings em grupo.
Filtros acoplados à garrafa
Purificam a água à medida que você bebe. Simples e práticos, combinam com mochileiros que visitam diferentes fontes ao longo do dia.
Sistemas de purificação química
Comprimidos de cloro ou iodo, ou líquidos como o Aquatabs. Eliminam organismos patogênicos em cerca de 30 minutos. Têm sabor característico e podem não eliminar sedimentos.
Filtros com luz UV
Modelos como o SteriPen usam radiação ultravioleta para destruir micro-organismos. Rápidos e eficientes, exigem bateria carregada e água transparente para maior eficiência.
Estratégias para combinação ideal
Levar dois sistemas diferentes
Um para uso imediato (garrafa ou bolsa) e outro para coleta/purificação (filtro ou pastilha). Isso garante redundância e flexibilidade.
Calcular o tempo entre fontes
Saber a distância entre pontos de abastecimento ajuda a definir quantos litros levar. Exemplo: 12 km sem fontes exigem no mínimo 2,5 litros por pessoa.
Considerar o clima e a altitude
Quanto maior a temperatura ou a altitude, maior o consumo. Planeje para repor água com mais frequência.
Avaliar o peso e espaço
Garrafas são mais robustas, bolsas mais leves. Filtros manuais ocupam pouco espaço, enquanto bombas exigem mochilas maiores.
Definir o local de armazenamento
Garrafas nas laterais da mochila são fáceis de acessar. Bolsas precisam estar bem posicionadas para manter fluxo pela mangueira. Filtros devem estar em locais acessíveis.
Erros comuns ao planejar a hidratação
Levar pouca água na saída
Confiar que haverá fontes no caminho sem verificação prévia pode ser perigoso.
Subestimar a necessidade de purificação
Beber direto de riachos, mesmo em regiões remotas, expõe a riscos invisíveis. A purificação é sempre recomendada.
Não testar os equipamentos
Mangueiras entupidas, filtros com defeito ou pastilhas vencidas podem comprometer todo o planejamento. Teste antes.
Esquecer fontes de energia
Filtros UV e bombas elétricas precisam de energia. Leve baterias extras ou painéis solares.
Casos práticos e recomendações
Travessias de curta duração (1-2 dias)
- Leve garrafa de 1 litro + bolsa de 2 litros
- Purificação com pastilhas é suficiente
- Abasteça em cada ponto confiável
Trekking de 3 a 5 dias
- Combine bolsa com filtro por pressão
- Garrafa sobressalente para emergência
- Planeje abastecimento em pontos seguros
Expedições longas e isoladas
- Tenha redundância: bolsa, garrafa, pastilha e filtro
- Use bomba manual em acampamentos
- Abastecimento frequente e cauteloso
Trilhas de alta montanha
- Priorize hidratação constante com bolsa
- Proteja a mangueira contra congelamento
- Evite desidratação que agrava mal da altitude
Alternativas sustentáveis e seguras
Garrafas reutilizáveis
Evite descartáveis e prefira modelos duradouros. Reduzem lixo em trilhas e são mais confiáveis.
Filtros com longa vida útil
Filtros que processam milhares de litros são econômicos e sustentáveis. Basta manter a manutenção correta.
Coleta de água da chuva
Em acampamentos prolongados, é possível coletar chuva com lonas e tratar com filtro ou pastilha.
Reutilização consciente de embalagens
Alguns trilheiros adaptam embalagens plásticas resistentes como recipientes de reserva. Desde que higienizadas, são alternativas viáveis.
A escolha consciente que move cada passo
Hidratação na trilha e as escolhas certas entre garrafas, bolsas e filtros representam mais do que um recurso logístico. Elas simbolizam a consciência de quem respeita o corpo, a natureza e a jornada. Quando a água é tratada com o cuidado que merece, cada passo encontra a força, a segurança e a lucidez que fazem da trilha uma experiência plena e transformadora.